quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Encontros e desencontros: Episódio 4


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 Escute  go gentle - robbie william enquanto estiver lendo este episódio
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'Rosa ou azul?', eu pensei. Afinal, qual é a diferença? 'Vestido ou um conjunto legal vermelho?'. Sim, eu estava novamente pensando nisso. Enquanto isso na janela do ônibus dava para ver as ruas do Recife, lojas enfeitadas por decorações natalinas... Estava tudo tranquilo. Minha parada estava chegando e eu tinha me levantado. Estaria cedo para isso? Acho que eu estava pensando em besteira mais uma vez... Só tinha que parar de pensar em besteira, afinal era sexta-feira e eu não teria que ir a faculdade hoje e havia sido liberada do trabalho mais cedo... 

Solicitei parada e algo me fez parar no meio do corredor. 'eu não acredito', eu pensei 'minha bolsa se prendeu novamente', sério. Por mais cuidado que eu tivesse, percebi que nada adiantava, sempre fazia alguma burrada. Ao alhar para a trás percebi uma mão 'ai meu Santo Pai Eterno', pensei, Agora é que eu me lasco! Alguém iria me assaltar no meio do corredor do ônibus? Nem tinha percebido, mas o ônibus não estava tão cheio assim.  Fui levantando os meus olhos bem devagarinho, passando pela camisa branca, ao pescoço acobreado-acinzentado, chegando ao rosto com uma barba que contornava o rosto dele, transformando ele um homem, um homem que eu havia conhecido com cara de menino, e pousei nos olhos dele. Algo fez com que um embrulho fizesse em meu estomago e me fez esquecer da necessidade de respirar. Era ele... Fazia uns ... sei lá,  uns quatro anos que eu tinha o visto pela ultima vez... 

Era ele... 

-oi... Se lembras de mim? - dissera ele, com a voz mais grossa e vibrante. Quem pudera dizer que não olhando para a minha cara? Ele estava, de certa forma, bem mudado, tinha criado um corpo mais musculoso, mas daria para ser reconhecível. E agora? Eu nem lembrava qual era a cor da blusa que eu tinha saído hoje! Aquelas histórias em que falam que só encontramos alguém quando estamos malamanhadas é verdade! Não que eu estivesse assim, mas naquele instante pensei que poderia estar um tantinho melhor. 

-Sim- Eu disse. Acho que eu estava meio aturdida, ou sei lá, eu estava com medo de fazer alguma besteira. 
-Você está tão diferente... 
-Como? Acho que estou do mesmo jeito, com cara de menina. 
-Não me referia a isso... 
-Eu... Hum... Certo. Bom te ver, mas preciso descer agora. 
-Oi então. 
-Certo... Oi. 

E desci. Por certo só foi um encontro. Não tinha rolado nada, o que era também outra verdade. Mas me senti, sei lá... Isso parecia tão adolescente, mas havia algo naquele 'você está tão diferente' que havia colocado com uma pluga atrás da orelha.

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Baseado na história que minha amiga me contou. Permissao dada via face, no dia 26-12-2013, as 22:12 (horário da alemanha)
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