Numa mistura de alpinismo local na faculdade... Eu tinha que chegar até a sala por um caminho nada tradicional. Como alguém poderia achar bom o lance de subir pelas paredes, andar em algo cuja função era a proteção do sol, numa estrutura tão simples, mas que se assemelhava ao protetor que as vendinhas colocavam na parede a fim de se esconder do sol? Além disso, eu deveria ser capaz de subir em algo que iria me deixar em um terceiro andar não existente na faculdade. Como se eu quisesse me esconder ou algo parecido, desci por aquele caminho. Algo começou a me perseguir. Começava a ficar com medo... Com medo? Não tinha razão pra isso. Mesmo assim, desci, quase caindo, do andar não existente. Vi um grupo de alunos se aproximando de mim. Era fim de tarde. Desci até a proteção e comecei a andar. Ninguém havia me visto. Comecei a pensar que havia sido uma bobagem em ter decidido ir por esse caminho. Algo moveu. Atrás de mim? Ninguém, absolutamente ninguém, conhecia este lugar. O espaço era curto, só dava pra caminhar ingatiando. Sai. Um homem alto, meio magro, meio forte, com uma camisa enegrecida, cabelos curtos, de tom alourado, estava com o olhar fixo em mim.
Ele era estranho. Continuei a andar. Ele me acompanhava. Acelerei os meus passos, ele fez o mesmo. O toque do salto do sapato social dele era forte, ecoava no corredor. Numa tentativa frustada, corri. Eu queria não ter a consciência de ter percebido a ação que ele fez. Em alguns segundos ele tinha me alcançado, num dos corredores de esquina da faculdade. 'Mil vezes merd@' poderia ser ouvido de longe, se alguém escutasse os meus pensamentos. Qualquer um ouviria. Eu estava apavorada. Ele me pegou e me olhou penetrantemente, nos meus olhos. Ele possuía olhos azul, de um tom levemente louco. Estava eu em maus lençóis? Tipo, nos dois sentidos? Me encostou na parede fria, seu rosto chegou perto do meu, pouco mais de alguns centímetros dos meus lábios. O cheiro dele era adocicado, o terno que ele usava, era de uma aparência cara. O que estaria acontecendo?
Se aproximou, devagar. Seus olhos não saíam da linha dos meus olhos. Comecei a ficar imprecisa no que fazer. Como uma faculdade tão grande como a minha, estaria vazia, ainda mais no turno mais agitado? O beijo foi gelado, de uma aproximação nojenta. Forçada. O que tinha em mente ele? Estava sentindo repulsa dele. Algo fez barulho no final do corredor. Ele se afastou um pouco. Na tentativa dele ver o que era, eu corri. Ele me seguia novamente. Eu estava ficando cansada disso.
Cheguei, finalmente, no elevador. Cruzei os dedos pra ele não conseguir chegar. Porta fechada, começo a descer. Um pensamento começou a me perturbar: ele desceria? Sai. Andei. Eu tinha entrado num dos corredores, apesar de 4 anos estudando ali, nunca tinha visitado aquele. Tentei todas portas em que eu encontrava. Haviam sido lacradas. Um maldito vento frio entrou cantando de algum lugar no corredor. Tinha algum lugar com alguma janela aberta. Eu sabia que tinha. Mas onde? Comecei a escutar um 'tic-tac'. Inferno! Mil vezes droga! Eu não estava tendo o meu melhor dia. Uma porta me chamou atenção. Ela era de vidro. Não só a porta, mas todas as paredes ao redor tinha a mesma característica. Metade parede, outra um vidro muito forte. Ouvi um barulho no corredor. Só poderia ser ele. Me lasqueei. Não pensei outra vez, tentei abrir. Consegui. Algo fez barulho. Não me importei com qualquer outra coisa. Eu estava apavorada. Eu não tinha ideia do que aquele homem iria fazer comigo, mas sabia que eu não iria gostar do que ele ira fazer. Um papel vermelho estava no chão, havia algo escrito nele... Mas eu não sabia ler... Não estava escrito em Português... Levantei o meu olhar e vi que ali tinha uma casa, uma casa cheia de árvores. Estava acinzentada. O céu estava nublado. Estranho. Não sabia que tinha um anexo aberto dentro do campus. Comecei a andar. Na frente tinha a aparência de loja, cheia de manequins com roupa. Tinha folha seca em todos os lugares e possuía um silêncio sepulcral. Folhas foram amaçadas. Meus olhos viraram devagar para a o lugar que deveria ter sido o sujeito do som. Vi dois pastores alemães, eles eram enormes. Corri, corri, corri. Eles andavam atrás de mim. Céus... O que foi que eu fiz para merecer tal dia? Pediria mil vezes perdão, mas gostaria que esse tormento findasse. Entrei na casa, esbarrei em alguns objetos, que caíram no chão e se espatilharam. Com ferocidade os cães vinham atrás de mim. Da boca deles eram entoado o canto dos loucos. O canto dos atormentados. O canto dos medrosos. Os cantos amedrontados Vi duas mulheres no interior da casa. Uma tinha aparência de uma policial, e, a outra, carregava alguma coisa no colo. Olhei para trás e vi que os cachorros haviam parado de perseguir. And now? Parei. Em pé olhei a minha volta. Respirei fundo diversas vezes. Coloquei as duas mãos nos joelhos e olhei para o chão. Como uma casa tão grande poderia ter tanta folhas secas no chão? Cheguei a pensar que eu poderia estar num jardim de inverno que poderia estar sujo. A policial olhava para mim com um aspecto curioso. Curiosamente perturbador Eu estava começando a ficar de saco cheio, estava quase mandando essas coisas para a Pvt@ que p@r&0. A mulher que carregava algo no colo começou a andar de um lado para o outro. Seu olhar era fixo no ser que ela carregava. 'Por que você está aqui?', a policial disse. Eu não sabia como responder. 'eu entrei pela porta.'. A mulher com o pacote no colo deixou o pano descer. Ela estava com uma criança no colo. Era uma linda criança. O telhado estalou. Um grito se escutou. A mulher berrou. A policial pegou o revólver e apontou para mim. 'continue olhando para mim que darei razões para que nunca mais veja nada, nada.'. Gente esquisita, eu imaginei. Senti o meu corpo amolecer. 'onde estamos?', perguntei. 'no pesadelo', a mulher disse. 'O que você faz com essa criança no colo aqui?', perguntei, e o sono batendo mais forte em mim. Dei um passo em direção a ela. Ela me olhou com um certo despreparo. Dei mais outro. 'afinal, onde estamos?', perguntei com mais veemência Nenhuma das duas falou algo. Dei mais um passo, a mulher da criança pegou o lenço no chão e começou a correr. Ela apertou o rosto da criança na hora em que iria colocar o lenço. Algo diferente aconteceu. Das bochechas saíram duas bolinhas, duas sementes. Os olhos da criança, era de um delicado azul esverdeado, ficou esbugalhado, sem movimento, sem vida. Era terrível isso. O choro da criança num adulto era inglorioso. Ela estava morta.