terça-feira, 25 de setembro de 2012

Onde está a poesia da minha vida?

         Não precisa vir com rima, tão menos com versos ricos. Pode chegar em prosa, procuro a poesia e não o poema... Pode vir recheada de diversos sentimentos: a dor da alegria, a respiração  da mágoa, o desalento  da felicidade, o esquecimento do sofrimento. Procuro o céu, o mar e o diverso do gostar. Onde se encontra a minha poesia? Que mistérios ela faz pra mim quando desaparece... Traga risos, traga lágrimas, traga tudo o que aparece e alimenta com, simplesmente traga. Mesmo assim, onde se encontra a minha poesia? O gostar, o querer, o viver... Estaria ela presente no toque da flauta de Asa Branca? Taria ela no dia frio, de chuva torrente, vendo antigas fotos? Taria... Taria? Taria. Entre palavras coloco, mas estarias sentindo o pulsar da poesia correndo em minhas veias? Poema, poesia... Onde se encontras? No reflexo do espelho? No espelho? Onde mais se guardará? Como entender? Gostaria de encontrá-la

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Eles


Estava sentada na última cadeira da extrema esquerda do bus. Com pensamentos longe, não percebi quando eles sentaram mas cadeiras a minha frente. Um barulhinho me fez cair dos meus devaneios. Ele estava com o braço nos ombros dela. Ela com a cabeça no ombro dele. O vento entrou pela janela, fazendo que o cabelos voassem e fazendo, assim, uma mexa ficar estre os olhos dela. Com a mão livre, 

ele se adiantou, colocou delicadamente para trás da orelha esquerda dela. Neste movimento tão simples, estava concentrada uma ternura e estima tão grande, que a fez direcionar 100 por cento de sua atenção nos olhos dele. Um leve sorriso meio sem graça surgiu nos lábios dela. Ele desceu o dedo, que antes estava na orelha dela, e contornou-o seu rosto, numa carícia tão leve, de tão leve que mal tocava a pele dela. Por um breve momento, ou um tão longo por conta da intensidade de tal ato, eles ficaram olhando-se. Ai alguém teve o desprazer de pedir parada e me chamar. A parada havia chegado.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Trânsito


Maneira legal para se definir algo. O que vem em mente quando se fala essa palavra? Hora de pico, feriados... Ônibus, carro, moto. Deixando de lado as bicicletas, nada contra elas, pois dependendo delas, teríamos um deslocamento menos barulhento, poluído, e mais rápido. Rápido? Sim, rápido. Já parou pra pensar quanto tempo ficas preso quando se está no engarrafamento? Ou esperando o ônibus chegar? Ou procurando uma vaga pra estacionar? Sim, mais rápido. Temos necessidade de se deslocar. Apesar de uma minoria que irá discordar, estamos tão presos aos meios de transporte, que muitas vezes percorremos caminhos tão curtos na dependência desses meios que são, em teoria, mais rápidos. Se você tem a felicidade, sim, eu disse felicidade, de tramitar nas horas mais vagas das rodovias em geral, você pode ser considerada a pessoa mais aliviada e que possui um bônus em seu tempo. Imagina agora o período de carnaval em Olinda. Se você não curte carnaval, imagina a ponte do Janga às seis e meia, tanto faz da noite ou da manhã. Se não mora por la, pode comparar com a Caxangá no mesmo horário. Mas se nenhuma dessas calhar, joga no Google que ele vai te ajudar a ter uma ideia. Como passatempo, sugiro levar um livro, algum emo da vida (mp3, mp4, mp5, mp80).
Ou se você tem um tim, pode aproveitar para fazer um rombo na operadora, uma vez que sempre há interferência no ônibus, independente da operadora, e você é obrigado a falar duas vezes para a pessoa entender, e como podes falar ilimitado falando só vinte e cinco centavos... Aproveita. Ou podes ficar vendo as atualizações do povo no Face via celular... Agora você também pode fingir de turista e perceber cada detalhe da cidade... A pista com um chiclete no chão, a placa de trânsito de cabeça para baixo, a lâmpada lateral direita do bus a esquerda queimada... Até reparar nas ruas próximas ao cais de Santa Rita ficam estranhas a noite, principalmente porque as pessoas não circulam muito ali quando as lojas estão fechadas.
Mas se você for como eu, vai acabar vendo motivo pra escrever uma crônica. Imagina se alguém iria mesmo fazer isso.
Confesso que em relação a dirigir, só sei o que todo mundo sabe. Sinal vermelho, para. Sinal verde, anda. Mas acho que eu sei mais disso do que o motorista que dirigia o busão que estava trancando a encruzilhada.
A prefeitura de recife é bem curiosa. Tem uma exposição de imagens lá agora. Agora passar pela Pillar não sei se é uma bênção ou uma tortura. O cheiro de biscoite é embriagante, principalmente quando você passa pela frente na hora do almoço ou do jantar. Os postes de luzes nas pontes do Recife trás um ar de antiguidade. Por quê? Confesso que não sei explicar, só sinto. Acho se eu perguntar ao Nuno, ele saberá explicar. Já fiz alguns passeios com ele... Antigamente, no tempo da minha avó, o carro não era tão acessível como hoje é. Os bancos facilitam as compras, o governo tira até os impostos... Bondade deles? Bondade? Acho que esse termo nem existe no campo lexical deles. Sabe o porquê eu digo isso? Carros é uma mina de dinheiro. É imposto da gasolina, é estacionamento, é imposto de uso das rodovias... Pagamos pela manutenção dos buracos em vias públicas! Sério isso? Então me explica o porquê tem tantos por ai? Sardônico, confesso. É, meu trânsito querido, como não falar disso? Claro, ano de eleição! Alguém falou das coisas que não fez? Estou me referindo às coisas básicas, não a parcas obras em que se gastou miliões de dinheiro pra chamar a atenção.
Ao menos estou sentada e ao lado da janela. Do que devo reclamar? Que não vejo posição que me deixe confortável numa cadeira por quase uma hora? Claro que não. Eu devo é agradecer, ao menos é apenas um bus que eu pego para ir pra casa... Isso me lembra das integrações... Mas acho que já fica pesado, principalmente por eu pagar vale B. Do que devo achar ruim? Afinal, sou estudante e pago meia passagem... Eu sei que há lugares, outro estado, que a carteira de estudante é suficiente para o deslocamento... Ainda tem outras coisas que se dá para encaixar no trânsito, mas acho que posso parar por aqui.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Eles

Estava sentada na última cadeira da extrema esquerda do bus. Com pensamentos longe, não percebi quando eles sentaram mas cadeiras a minha frente. Um barulhinho me fez cair dos meus devaneios. Ele estava com o braço nos ombros dela. Ela com a cabeça no ombro dele. O vento entrou pela janela, fazendo que o cabelos voassem e fazendo, assim, uma mexa ficar estre os olhos dela. Com a mão livre, 
ele se adiantou, colocou delicadamente para trás da orelha esquerda dela. Neste movimento tão simples, estava concentrada uma ternura e estima tão grande, que a fez direcionar 100 por cento de sua atenção nos olhos dele. Um leve sorriso meio sem graça surgiu nos lábios dela. Ele desceu o dedo, que antes estava na orelha dela, e contornou-o seu rosto, numa carícia tão leve, de tão leve que mal tocava a pele dela. Por um breve momento, ou um tão longo por conta da intensidade de tal ato, eles ficaram olhando-se. Ai alguém teve o desprazer de pedir parada e me chamar. A parada havia chegado.

sábado, 8 de setembro de 2012

Entrevista


                Eu estava  naquela, nervosa, para ser entrevistada sobre o bendito livro que eu tinha escrito. Nervosismo prévio era natural, responder algumas perguntas para um intermediador e uma plateia de umas doze pessoas, a maior parte, com toda a certeza, seria os meus próprios convidados. Seria numa salinha do Jornal Diário. Olhei-me no espelho e vi uma garota linda e completamente assustada. Eu já tinha passado por aquilo algumas vezes. Seria apenas mais uma vez, certo? Uns retoques básicos de maquiagem só para dá uma cor a mais ao meu rosto. Sorri para mim. Daria tudo certo. Certo. Levantei da cadeira e peguei o meu roteiro de possíveis perguntas e fui trabalhando, pela milionésima vez, as minhas respostas cabíveis na minha mente. Respirei fundo. Respirei bem fundo. Peguei O Caminho que Trilhei e  fui até a sala indicada pelos auxiliares do jornal.
                As luzes iniciais me cegaram. Eu levei alguns instantes para me acostumar com aquilo. Percebi que não tinha apenas doze pessoas. O auditório estava lotado. Quantas pessoas poderiam ter ali? Duzentas? Minha sensação é que havia meio milhão. As pessoas estavam conversando. Menos mal. Sentei na cadeira que estava reservada a mim. Sejam bem vindos, ele dissera, ao programa Jornal Diário. Temos a participação de Anita Gongon. Bom dia Anita. Ele olhava para mim atentamente. Será que ele tinha idéia do quanto aquilo me deixava inquieta? Bom dia Otávio, bom dia Pernambuco! Tente soar o mais tranquilo que eu poderia ser.   Temos algumas dúvidas dos nossos expectadores mandaram.  Liria, de Olinda, pergunta como ou o que fez você criar essa história? Ele disse. Eu... Como? Tive um sonho. Foi algo simples, algo perturbado... Acordei no outro dia chorando. Eu anotei, sabe, o que eu tinha visto lá. Notei que todos haviam se silenciado. Aquilo não era um bom sinal. Todos estavam prestando à atenção em  mim. Terrível. Meus neurônios começaram a formigar. Eu deveria continuar a dizer algo? Apenas sorrir para o repórter. Ele notou o meu leve embaraço e começou a bateria de perguntas. Ele tinha idéia do quanto eu demorei a escrever aquela página? O livro demorara meses para sair. Pensei que ele iria solar de tanto tempo no forno

sexta-feira, 7 de setembro de 2012