Estavam entrando e saindo. A casa estava cheia. Era uma casa nova, não sabia de quem era.
Tive a impressão de ter ido a igreja, mas não sabia se tinha ido mesmo.
Estava deitada numa das camas-colchões que estavam estendido no chão. Aquilo ali era esquisito, mas tudo bem. Eu sabia que estaca sonhando. Lógica em sonhos é o que menos importa. A sala era enorme. Cabia quatro dormidas da que eu estava deitada. Aquilo ali era um tipo de quarto-sala. Tinha uma televisão na outra ponta.
Meus tios chegaram com meus primos, passaram algumas horas e foram para a casa. Estava de noite, ou madrugada. Sei lá.
Me levantei e sai. Comecei a caminhar...
Acabo percebendo que não tem ninguém na rua. Na verdade, em canto nenhum. Estava deserto. Olho para os lados. Cadê a casa em que eu me encontrava? Havia sumido. Caramba! Sumiu mesmo! No lugar que deveria se encontrar aquelas construções, havia pedra. PEDRA! Andei. Andei... Não conseguia ver uma ala humana. Só via um monte de pedras. Não sei quanto tempo caminhei. Encontrei a praia, muitas árvores. Subi numa delas e descansei. Uma sirene. Me acordei com esse barulho. Tentei ficar quieta. Não sabia se ficava feliz com o barulho ou se teria que ficar em alerta. Vi uma menina, de seus 3 anos e uma outra de 7 descerem da árvore correndo. Vi pavor nos olhos delas. O que eu poderia fazer? Ficar? Correr? Elas se afastaram de mim. De longe vi uma fumaça cinza de aproximando. Pelos filmes que já tinha assistido, aquilo ali não era um bom sinal. Como a árvore era frutífera, eu tinha pego alguns e colocado numa bolsa que estava comigo. Sai. Fui em direção das garotas.
Não tenho a mínima ideia do quanto eu andei, só sei que o sol tinha esquentado e diminuído. Estava uma temperatura agradável, eu diria. Como é que eu estava numa casa aconchegante, rodeada da minha família, e agora caminha sozinha? Eu não tinha ideia do que iria acontecer a partir de agora.
Encontrei uma coisa estranha, estava longe, verdade, mas era um monte de alguma coisa largada no chão. Ao chegar perto percebi, com grande horror, que era o corpo daquela garota de 7 anos. Onde será que iria estar a outra? Deveria estar por perto, principalmente por ela não ter a capacidade muito grande de deslocamento, principalmente pelo tamanho das pernas dela.
Que seja. Continuei andando. Olhei para os pequenos lugares por onde eu passava para ver se eu a encontrava. Ela estava num canto de baixo de algo que parecia um depósito de lixo.Estava com medo. Tentei me aproximar. Ela se escondeu ainda mais. "Está tudo bem", eu falei. Ela apontou para a irmã, assim me pareceu, elas eram muito parecidas. Ela apontou para os próprios olhos, castanhos-esverdeados. E disse "azul o dela. Depois que eles fizeram assim" e fez gestos com as mãos. Os olhos dela começou a lacrimejar. "Ela disse: ela vai aparecer. Vá com ela. Ela é você?". Olhei para o corpo, parecia se mover. Algo em mim dizia para sair o mais rápido possível dali. "Sou sim. Vamos". E Fomos em direção ao mar. Encontrei uma vila pequena. Tinham pessoas lá. Eram estranhas. "É aqui que eu fico.", garotinha disse. Me mostrou uma foto. Era uma casa grande que ficava a nossa frente. "Você tem certeza?!", ela olhou para mim e disse "é para onde estávamos indo. Quero ficar!". Não discordei. Bati na porta. Uma fresta se abriu na janela de baixo, na altura exata da garotinha. Depois a porta se abriu e uma mulher de olhos castanhos-azulados sorriu. "Sejam bem vindas, minhas jovens." Olhos azuis. Olhei para a menina e ela disse "tudo bem. Siga seu caminho. Obriigadaaa." Dei um abraço nela. "Você tem certeza?", e ela afirmou com a cabeça. Sai dali. A porta se fechou. Quando eu estava um pouco distante, um grito escutei. Era da menina, mas quando a cabeça virei, nada mais encontrei. Havia tudo sumido. Essa situação ainda iria me enlouquecer.
Continuei a andar. Não sabia o que eu iri poder encontrar, mas sabia que havia algo errado com as pessoas de olhos azuis. Andei, andei e andei. Cheguei no mar outra vez. Isso estava se tornando repetitivo, ou eu estava errando o caminho ou estava sendo atraída pelo mar. Sentei na areia e escutei o barulho das ondas, vi os pássaros voarem livremente pelo céu-azul-calmo-sem-nuvens. Parecia uma tarde perfeita para férias com a família. Fechei meus olhos. Será que a criança havia sido executada? Não poderia ser. O estabelecimento parecia confiável de mais... Parecia uma daqueles lugares que tomam contam de crianças para a adoção. E por que eu tinha andando tando e não tinha encontrado pessoas? Onde estariam todos? Afinal, por que os lugares desapareciam? E por que tinha tantas árvores cheias d frutos na praia? Algumas delas ficavam até onde as águas tocavam.
Um garoto andava por perto, talvez tivesse seus 12 - 13 anos. Me levantei e fui até ele. Tinham muitas crianças por perto. Ele andava calmamente. "Oi!", eu disse, na esperança que ele olhasse para mim. Ele parou e olhou para os lados, tentando ver de onde tinha vindo a voz. "Aquiiiiiiiiiii", gritei. Ele olhou para mim e acenou. Andamos um em direção ao outro.
- Tudo bem? - eu perguntei.
- Sim. Finalmente alguém. Onde estão todos? Há dias eu estou vindo no norte e não encontro uma pessoa sequer. Estou andando pela orla, mas a única coisa que posso ver são árvores com frutos azuis e vermelhos, coisa que eu nunca tinha visto na vida, pássaros que voam e só.
-você escutou alguma sirene?
-Não.
-Podemos andar um pouco... - Conversamos algumas coisas estranhas que eu tinha visto e fomos em silêncio. Chegamos a uma outra vila. Desse vez estava lotada de pessoas. Todas elas possuíam olhos azuis, uma pela branca e listas amarelas nos braços. Céus, que coisas são essas? Quando passávamos, todos olhavam para a gente. Não sabia ao certo o que eles eram, mas possuíam uma beleza muito forte. Se não fosse a marca amarela nos braços, eu diria que pareciam com bonecos de porcelana.
A sirene tocou mais uma vez. Peguei na mão do garoto e disse "Correeee!".
Nem deu tempo para analisar o que acontecia a nossa volta. Enquanto corríamos, as pessoas a nossa volta parecia nos perseguir.
- o que está acontecendo? - ele perguntou.
- daqui a pouco te explico, mas corre. - finalizei
Subimos em alguns montes próximos ao mar, (por que tudo estava ligado com o mar?). Subimos e encontramos um monte de pessoas jovens, não sei ao certo dizer se eram adolescentes ou jovens adultos, só sei que apareciam aos montes. Enquanto subíamos, algo estranho aconteceu. As paredes elevadas começaram a se fechar. Conseguimos entrar. Eles estavam a nossa volta. Mas o que parecia estranho, era que nenhum deles se aproximavam do mar. Corri e empurrei um, para dá passagem, ele caiu no mar e começou a fica velho, e , logo em seguida, desaparecer completamente. No lugar que ele caíra, nascera uma árvore de frutos azuis. Céus! Que coisa! Olhei para a minha bolsa, e percebi que os frutos ainda continuavam intactos. Droga, droga, droga!!! O que estava acontecendo, afinal? Eu tinha tocado na água mais cedo, com os meus pés, e nada havia acontecido com eles, eles só haviam ficado molhado. Apenas isso. Segurei mais forte na mão do garoto, eu não sabia o que eles fizeram com as irmãs, mas acho que elas não estão vivas para contar essa história, mas eu não iria deixar para trás esse garoto.
Saltamos dos montes, e chegamos a uma caverna onde a água do ma escorria. Talvez não fosse água do mar, mas eu não iria ter tempo para provar, só queria me esconder ali.
<< ai eu me acordei >>