A indecisão era grande. Continuaria a falar com ele? Tipo, fazia quase dois anos que nós não nos falávamos.
Sei que muitas vezes exs namorados não se falavam... Mas comigo era diferente. Eu havia reencontrado com ele e havíamos até marcado e conversado numa dessas praças de alimentação no Runa.
Mandar mensagem pelo celular não matava ninguém. Não que eu conheça um caso assim... Não dói. Dói? Não é a primeira vez que eu entro em contato assim pós aquele encontro.
Ele havia terminado a pouco tempo com um relacionamento. Afirmara que poderíamos tentar. Tantas coisas vieram em meu pensar que nem sei... Penso que pode dar certo. Ao menos eu farei dar certo e acho que compartilho o mesmo desejo dele.
-tudo bem? - mandei essa mensagem para ele. Não sei bem se ele responderá agora. Guardo ele na minha bolsa. Sinto vibrar... Ele respondeu. Uma expectativa diferentemente singular aflorava no seio do meu ser todas as vezes que recebia uma mensagem dele.
-sim... tô namorando- gelei, juro! cara... ele... não acredito. Será mesmo? Será que ele faria isso comigo? Me deixara criar expectativa de voltar com ele e ele simplesmente... ilusão?
-voltou com a sua ex? - eu mandei essa resposta. Eu aqui me planejando toda para ele e ele nem teve a consideração de informar que nada havia o que reatar entre nós.
- sim, com ela mesma - ele respondeu.
Deveria, eu, parar? As coisas não estavam tão claras assim, não para mim.
- Eu a conheço? - Será que minha resposta foi tão assim sem noção? Mais do que eu imaginava? Ele disse que voltara com a ex dele. Ponto. Zé finir.
- você conhece e se encontra com ela todos os dias - essa era a resposta mais massacrante que eu poderia ouvir? Não sei. Sei que parei de responder àquela altura por não poder conter as lágrimas que eu não consegui mais segurar. Eu não procurei outro, não quis outro sabendo que queria ele, não queria me arriscar a me apaixonar e desejar outro. Mas se o desejo dele era realmente esse... fazer o que? Reconheço uma batalha perdida quando vejo uma... ou quando participo de uma.
- você não vai falar nada? - Respondera ele.
- falar o que? - perguntei já com raiva crescendo dentro de mim. Ele namorava outra e queria que eu desse os meus parabéns? Não conseguiria fazer tal cena.
- você está namorando? - disse ele
- eu não sei. Eu estou? - respondi. O que mais eu poderia dizer?
- se você que é dona da sua vida, não sabe. Imagine eu - ele disse.
Eu que estava sentada, mais uma vez, na mesma cadeira do primeiro encontro, me levantei. Ele havia brincado demais comigo. Não poderia permitir que isso continuasse. Ao pegar a minha bolsa e me virar, vejo que ele está olhando para mim a poucos metros.
- oi - dissera ele sorrindo onde se encontrava, pela distancia, só pude ler os lábios. Não deu para ouvir.
Eu não queria mais encontrá-lo. Não mais. Eu deveria seguir em frente. Ele mesmo já não o fizera? Por qual motivo eu não conseguiria? Me virei e tomei rumo para o caminho que não passasse por ele. Sendo que eu senti uma mão próxima ao meu braço. Senti que pressionava o meu músculo. Não numa força grande, mas, o suficiente que me fez parar. Me virei para ele. Ele estava tão belo e tão próximo a mim que não consegui me mover. Não sei o que seria de mim se ele estivesse com o óculos dele. Sempre achei que ele ficava mais charmoso com aquele simplório óculos de grau.
- o que você quer agora? - perguntei - não deverias procurar a sua namorada ao invés de ficar aqui comigo? - se eu estava nervosa? só o necessário. Ele estava com a cara assustada, como se não tivesse entendido nada.
- o que foi que você disse? - ele respondera.
- Que você deveria pro... - tentei dizer mais uma vez. Não consegui concluir o restante do pensamento na oralidade por um simples fato que me fez amolecer até o ossinho do dedo mindinho que fez uma sensação de saciação e ternicidade. Com vontade de tocá-lo e ser tocada.
O beijo simples que trocamos foi suficiente para brotar um mais profundo e mais agradável sensação de satisfação interna. Beijá-lo foi como se nunca tivéssemos nos separado.
Quando foi interrompido ele se afastou um pouco e ficou olhando para os meus olhos mantendo um dos braços na minha cintura.
- Por que choras? - Ele disse.
- Porque pensei que isso jamais aconteceria de novo - eu disse.
- você ser beijada ou beijá-la?
- engraçadinho você, não? Claro que é entre nós.
- eu sei, sua boba. E a propósito, minha namorada é você.